Por: Dennis da Silva Guimarães
Eu trabalho aqui há muito tempo, não sei exatamente quanto, mas já deve estar pra lá dos seis meses. Antes de vir trabalhar aqui passei por vários empregos. Sempre fui ótimo empregado. Dedicado, competente e ético que só eu! Mas nunca durei muito em nenhum emprego não. Eu era empregado e trabalhava só até dar o tempo de receber o seguro desemprego, depois que dava o tempo, dava um jeito de fazer uma cagadinha pra poder ser mandado embora. Mas nada muito grave, senão também é justa causa e eu não recebo nada.
Mas sabe que até que desse emprego aqui eu gosto?! Tô pensando até em ficar nele até o FGTS valer à pena.
É uma revista mensal que aborda temas úteis e inúteis sobre o universo dos veículos automotores. Revista de carro. O nome? Mão na Roda – “Esteja sempre revisado”.
Eu tenho lá minhas dúvidas quanto à utilidade dessa revista. Não sei muito bem quem é que lê. As matérias são tão técnicas e teóricas que eu não acredito que nenhum mecânico vá entender o que está escrito, e nenhum dono de carro vai ter paciência nem interesse de ficar decifrando a mecânica de uma coisa que só serve pra ficar levando ele pra lá e pra cá.
Mas enfim, útil ou não, eu estou aqui trâquilinho trânquilinho recebendo meu ordenado que também não é de se jogar fora.
Eu sou ilustríssimo responsável pela revisão da parte de trás da contracapa da revista.
Quase todo mês é a mesma coisa: Diretor de Redação: Luís Fernando Scaracia. Editor de Arte: Alberto Carvalho Campello. Editores: Ataulfo de Toledo Pompeu e Otaviano Anastácio Fernandes. E assim por diante.
Tem mês que mudam alguns nomes, mas não é sempre. Tem também que dar créditos a todos que participaram da edição da revista, todos aqueles que não trabalham aqui, mas que de alguma forma participaram da revista em uma matéria ou outra.
Tem que revisar tudo direitinho. Não pode errar nem um nominho sequer. Quer dizer, até pode. É só na próxima edição escrever uma notinha se desculpando por eventuais erros na edição anterior. Mas isso já é responsabilidade de outra pessoa que eu nem sei que é.
Mas eu procuro ficar esperto. Dr. Luís Fernando fica de olho. Apesar de que às vezes algumas pessoas cometem erros cabeludos aqui no escritório e ele nem fala nada. Tenho pra mim que ele nem percebe. Ele é a figura mais importante daqui, não sei por quê. Não vejo nada demais nele. Nem sei por que aqui a gente chama ele de doutor, ele é formado em jornalismo. Se ainda fosse médico...
domingo, 17 de janeiro de 2010
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