domingo, 14 de março de 2010

PLÁGIO!

Há poucos dias sofri uma acusação de plágio. Mas não se preocupem comigo, eu estou bem.

Também porque não foi nada sério não. Não foi acusação séria, pelo contrário, foi daquelas bem sem vergonha. O típico comentário invejoso e miserável de quem não tinha comentário melhor a apresentar, aliás, de quem não tinha absolutamente nada de bom a apresentar.

Mas eu, como sou um cara democrático, curioso, inteligente, escritor, desenhista, empresário, músico, modelo, atriz e show – man... Despi-me de vaidades e do alto de minha humilde modéstia resolvi absorver a crítica e pesquisar sobre o assunto: Plágio! De repente nosso famigerado crítico especialista em obras literárias poderia até ter razão. Quem sabe né?!

Pois bem. Segundo o nosso querido Aurélio, que não é o meu tio, nem o meu pai e nem o meu dono, define-se:

Pla.gi.ar: v.t.d. 1. Apresentar como seu trabalho artístico ou intelectual de outrem. 2. Imitar obra alheia.

Pra quem sabe ler, parece muito claro. Mas como eu gosto de explicar tudo direitinho, farei considerações a respeito. Comigo é assim: Eu mato a cobra e mostro o pau! Quer ver? Melhor não.

Enfim... Nenhuma obra seja ela qual for pode ser considerada plágio a menos que se tenham provas concretas e cabais de que ela é idêntica a outra obra que já foi publicada por esse tal de outrem.

É normal que algumas obras se pareçam um pouco com outras. Afinal, todo artista possui influencias artísticas que se espelham em suas obras. Pode-se parecer, parafrasear e até citar parágrafos inteiros de determinados autores sem que isso seja caracterizado plágio.

E também é pecado esquecer-se que toda obra envolve o sentimento do artista. E sentimento não dá para copiar, não dá para imitar e não dá para usar o de ninguém e falar que é seu.

Portanto, é bom que se tenha cuidado ao julgar plágio os sentimentos alheios, porque nada pode ser mais original que os sentimentos de uma pessoa.

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

KIRNA

Logo que a vi senti que era diferente. Parecia estar ali como que num deboche ao resto da raça. E a mínima graça que tinha se mostrava. Mas vinha como que não se importasse em vir.

Era aquele tipo de beleza rara. Que parecia estar na cara, mas se mascarava pra não permitir-se mostrar.

Talvez quisesse parecer uma geleira. Para fazer com que os que chegassem até a beira não hesitassem em desistir.

O que ela não sabia é que só os bravos sabem o que há por de trás do iceberg. Só os insistentemente apaixonados e curiosos se interessam em derreter o gelo para descobrir, ou até mesmo criar a abonança que existe depois da tempestade.

De fato, havia tempestade. Mas do todo não era nem a metade.

Bonitos eram os olhos. Que se esforçavam para serem frios, para não serem notados e não demonstrarem nada. Mas que eram lindos quando se descuidavam o bastante para deixarem transparecer a alma.

Alma que embora deflagrada em outrora, não se permitiu em nada perder a beleza e a limpidez. E que só precisava de alguém que fosse capaz de decifrar seu brilho. O que era fácil, pois era o mesmo brilho admirável que havia nos olhos quando eles se permitiam brilhar, quando eram estimulados a brilhar ou mesmo quando eram notados brilhando incautos frente aos belos e raros fatos da vida.

Bastava alguém perceber e depois fazê-la notar o quanto o mundo precisava do seu brilho para que ela jamais cessasse de brilhar.

Hoje o brilho se tornou constante. O dos olhos, o da alma, e o da vida. O da vida dela e o da minha também. E brilhando assim ela é ainda mais linda, ela já era especial mesmo quando não brilhava, mas só que agora que brilha ninguém mais ousa duvidar disso.

E que ninguém duvide mesmo. Para que a beleza possa prevalecer sobre os insensíveis e os mortais. Para que todos façam como eu, que a admiro todos os dias como se não houvesse amanhã. Eu que faço de adorá-la um ritual diário como se o próximo dia só fosse acontecer daqui mil anos.

domingo, 17 de janeiro de 2010

O Escritório do Contraditório

Por: Dennis da Silva Guimarães

Eu trabalho aqui há muito tempo, não sei exatamente quanto, mas já deve estar pra lá dos seis meses. Antes de vir trabalhar aqui passei por vários empregos. Sempre fui ótimo empregado. Dedicado, competente e ético que só eu! Mas nunca durei muito em nenhum emprego não. Eu era empregado e trabalhava só até dar o tempo de receber o seguro desemprego, depois que dava o tempo, dava um jeito de fazer uma cagadinha pra poder ser mandado embora. Mas nada muito grave, senão também é justa causa e eu não recebo nada.

Mas sabe que até que desse emprego aqui eu gosto?! Tô pensando até em ficar nele até o FGTS valer à pena.

É uma revista mensal que aborda temas úteis e inúteis sobre o universo dos veículos automotores. Revista de carro. O nome? Mão na Roda – “Esteja sempre revisado”.

Eu tenho lá minhas dúvidas quanto à utilidade dessa revista. Não sei muito bem quem é que lê. As matérias são tão técnicas e teóricas que eu não acredito que nenhum mecânico vá entender o que está escrito, e nenhum dono de carro vai ter paciência nem interesse de ficar decifrando a mecânica de uma coisa que só serve pra ficar levando ele pra lá e pra cá.

Mas enfim, útil ou não, eu estou aqui trâquilinho trânquilinho recebendo meu ordenado que também não é de se jogar fora.

Eu sou ilustríssimo responsável pela revisão da parte de trás da contracapa da revista.

Quase todo mês é a mesma coisa: Diretor de Redação: Luís Fernando Scaracia. Editor de Arte: Alberto Carvalho Campello. Editores: Ataulfo de Toledo Pompeu e Otaviano Anastácio Fernandes. E assim por diante.
Tem mês que mudam alguns nomes, mas não é sempre. Tem também que dar créditos a todos que participaram da edição da revista, todos aqueles que não trabalham aqui, mas que de alguma forma participaram da revista em uma matéria ou outra.

Tem que revisar tudo direitinho. Não pode errar nem um nominho sequer. Quer dizer, até pode. É só na próxima edição escrever uma notinha se desculpando por eventuais erros na edição anterior. Mas isso já é responsabilidade de outra pessoa que eu nem sei que é.

Mas eu procuro ficar esperto. Dr. Luís Fernando fica de olho. Apesar de que às vezes algumas pessoas cometem erros cabeludos aqui no escritório e ele nem fala nada. Tenho pra mim que ele nem percebe. Ele é a figura mais importante daqui, não sei por quê. Não vejo nada demais nele. Nem sei por que aqui a gente chama ele de doutor, ele é formado em jornalismo. Se ainda fosse médico...