sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Budapeste

Há uns dias atrás eu estava sapeando pelos canais da TV e vi em algum deles, não me lembro qual, uma notícia sobre um novo filme nacional. O filme estrearia em breve e era inspirado em um livro escrito pelo grande mestre, escritor, músico, compositor, empresário, modelo e atriz Chico Buarque.

Eu já conhecia a fama do livro, mais ainda a fama de Chico Buarque, de quem sou um fã absolutamente fervoroso. Ainda não havia lido um livro do mestre e até me envergonhava disso, de modo que, a leitura de “Budapeste” era uma atividade que já há algum tempo estava na minha lista de coisas para fazer.

Na TV diziam – não sei se era verdade – que Chico havia escrito o livro sem nunca antes ter colocado os pés sobre a capital húngara, Budapeste. E que a primeira vez que pisara lá teria sido há pouco tempo, para as gravações do filme inspirado em seu livro. Chico aparece no final do filme interpretando a si mesmo e falando em húngaro fluente.

Além de o trailer do filme parecer muito interessante, achei que a história que circundava o livro, por si só, já era entre vários outros, um grande motivo para cumprir enfim com aquela atividade da famosa listinha que tanto me incomodava. Além do que, eu não gosto muito de quando fazem um filme inspirado em um livro. O filme quase nunca faz jus à qualidade do livro, prejudica a dinâmica da história e acaba por denegrir a imagem da obra. Quase sempre ler o livro é bem melhor que ver o filme. E como eu estava louco também para ver o filme, fui à livraria, comprei o danado e me pus à leitura.







“Devia ser proibido debochar de quem se aventura em língua estrangeira.” Assim começa um dos romances mais fascinantes que já tive o prazer de ler.

Creio que para escrever um bom romance é preciso uma boa linguagem, uma história envolvente, uma lição interessante, bons personagens e acima de tudo, um talento especial para fazer isso tudo render pelo menos 100 páginas. Sem ficar chato. Pregando os olhos do leitor em suas linhas, conduzindo-o até o fim, e fazendo-o lamentar que não haja mais para ler.

Chico Buarque comanda todos esses artefatos com maestria. Ferve todos os ingredientes, cozinhando um saborosíssimo caldo de cultura e entretenimento, num caldeirão escaldante de histórias chamado “Budapeste”.

O livro tem 174 páginas, e a cada vez que o leio penso que não seria má idéia que ele tivesse 800.
Dotado de uma linguagem sofisticada em estilo falso-leve, o livro tem uma trama atraente que se resolve de maneira sublime no final, deixando o leitor estupefato, sem saber direito quem é autor e quem é personagem, o que é narrativa e o que é narrado. Chico Buarque chega ao fim do livro mostrando que ele ainda pode ser melhor que já fora até o momento e criando uma confusão espetacular entre criador e criatura.

Esse conflito fica mais fácil de ser notado e/ou entendido no filme. Porém, quem opta por ver só o filme perde toda a diversão lingüística proporcionada pelo autor do livro, e todo aquele blábláblá que eu sempre digo de filmes concebidos a partir de livros.

Fique com o privilégio de ouvir duas míseras páginas desse maravilhoso romance, lidas pelo próprio. Mais 1 ponto para Chico.











E contradizendo tudo que eu disse sobre ver filmes de livros, deixo aqui também o trailer do filme que também é ótimo. Para que todos fiquem tentados a ver o filme antes de ler o livro e para salientar que dizer-se e contradizer-se, nada mais é, que a beleza da contradição.




Um comentário:

  1. Agora realmente não tenho escapatória...vou ter que ler o livro.
    Você conseguiu m envolver no seu texto. Deveria escrever mais. Mt boa a linguagem, mt bom o conteúdo...td d bom!

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